domingo, 30 de janeiro de 2011

Análise da Revista Capricho

ANÁLISE DA REVISTA CAPRICHO


“Capricho nasceu adulta, em 1952, com fotonovelas. Em maio de 1985, virou a ‘revista da gatinha’ e trazia modelos nas capas. A partir de 96 foi a vez das celebridades (...). Em junho de 2006, nova mudança(...)” (CAPRICHO, Ed. 1000 3/09/2006, p-20)

HISTÓRICO DA REVISTA CAPRICHO
A revista Capricho começou a circular em 1952, foi a segunda revista lançada pela Editora Abril (a primeira foi O Pato Donald, em 1950) e a primeira destinada ao público feminino, com faixa etária entre 20 e 40 anos, no Brasil. Com formato pequeno, a publicação era quinzenal.
As primeiras edições traziam fotonovelas italianas, cortadas as partes de sexo e violência, evitando tudo que ofendesse a moral conservadora da época. E, diferentemente das outras revistas desse segmento, que traziam capítulos por revista, a Capricho trazia fotonovelas completas em uma única edição.
Seu primeiro número teve uma tiragem de 26 mil exemplares, mas o sucesso fez com que fossem vendidas mais de cem mil revistas no número 9, ainda em 1952, quando a revista passou a ser mensal. Os temas mudaram, devido ao decaimento do gênero fotonovela. As abordagens começaram a ser sobre moda, beleza, contos e variedades, tudo destinado ao público feminino. Em 1956, a tiragem era de 500 mil exemplares, a maior da América Latina, até então.
Nas décadas de 60 e 70 a mulher estava mudando seu papel na sociedade, não se dedicava apenas à leitura e à família, e então a revista Capricho teve que acompanhar essas mudanças no perfil das leitoras, com o slogan "A revista da mulher moderna". Surgiram então, novos títulos para públicos mais segmentados e alterações na linha editorial. Em 1970 novos temas surgiram na publicação, tais como consultas jurídicas, dinheiro e saúde. Em agosto do mesmo ano, a Capricho voltou a ser quinzenal.
Em maio de 1982, a revista sofreu grande mudança editorial, a fotonovela não era mais conteúdo da revista, ela vinha em forma de encarte, firmando a nova linha editorial. As mudanças foram de formato, logotipo, periodicidade (voltou a ser mensal) e público alvo. “Capricho teve que passar pela mudança radical para se manter no mercado, enquanto muitos títulos desapareceram porque insistiram em continuar usando a mesma fórmula” (SCALZO, 2004, p. 90).
A mudança do público alvo trazia um mercado consumidor ainda inexplorado, os adolescentes. O público alvo, nessa época, eram jovens entre 15 e 19 anos, com reportagens sobre moda, beleza e comportamento.
Em junho de 1985, mais uma mudança aconteceu, essa que se estende até os dias de hoje (em 2005, a revista comemorou seus 20 anos). A Capricho passou a ser voltada para garotas de 15 a 22 anos, tornou-se “a revista da gatinha”, slogan criado por Washington Olivetto, acrescentando um “miau” no seu logotipo.
Três anos depois, ocorreram outras mudanças de posicionamento, por consequência de alterações na orientação editorial, adequando a revistas às leitoras que a linha editorial pretendia atingir. No final de 1989, mais mudanças, agora se voltando para meninas de 12 a 19 anos, das classes A e B. Essas mudanças somaram-se também ao novo projeto gráfico.
As alterações no projeto editorial resultaram em mudanças na linguagem, textos mais simplificados e capas sempre com alguma modelo iniciante. Essas mudanças resultaram o sucesso. Entre 1990 e 1991 a Capricho foi a mais vendida do segmento.
Em 1996 a Capricho mudou novamente sua periodicidade, tornando-se quinzenal, estabelecendo o trabalho com notícias mais atuais, somado com a introdução das novas tecnologias.
A partir de janeiro de 1997, o público alvo são as adolescentes entre 12 e 16 anos. Em 1999, esse público expandiu-se para aquelas meninas que estão vivendo a adolescência, não importando a idade.
Em 2005, a Capricho voltou a ter um slogan (desde 1985 não tinha), o novo slogan “Seja diferente. Seja você” apareceu em todas as capas, mostrando a imagem da autenticidade da revista. A missão era formar e informar garotas de atitude.

A Capricho começou a vender mais que revistas, ela propõe estilo de vida. Entre 2005 e 2006, a revista organizou três eventos, de moda e música para o público adolescente. A Capricho deixou de ser apenas uma publicação, tornou-se uma marca, que idealiza produtos para aqueles que buscam o estilo de vida que a revista propõe, como cadernos, agendas, roupas, lingeries e até ovos de páscoa.

CAPRICHO HOJE
“CAPRICHO é a revista que entende e respeita as idéias e valores da adolescente. Tudo o que faz a menina chegar a uma opinião mostrando com clareza os assuntos do universo dela. Para a gente, seriedade não é sinônimo de mau humor. Na revista, ela encontra matérias sobre a intimidade dos famosos, comportamento, moda, relacionamentos e outras informações importantes como: programação de shows, eventos e um guia de compras com preços e endereços.
A Capricho tem como objetivo de mercado continuar sendo a melhor revista para adolescentes. Sua missão é informar, entreter, formar e conectar a maior comunidade de garotas com estilo e atitude do país.” (Abril.com)
A revista oferta os temas e assuntos de interesse das meninas e oferece aos anunciantes um canal de comunicação direto com o público adolescente. “Líder absoluta no seu segmento, CAPRICHO é a sua linha direta com a garota que está definindo sua personalidade e também construindo o seu perfil de comportamento e de consumo.” (PUBLIABRIL)
A revista tem periodicidade quinzenal, atingindo 85% das adolescentes femininas. Na região sudeste, a Capricho tem sua maior representatividade, com 62% de vendas, com tiragem de 230 mil exemplares. A Capricho tem formato de 20,2 x 26,6 cm, com papel tipo Couchê 130g para a capa e no interior Lwc 57g.

PROJETO GRÁFICO DA REVISTA CAPRICHO
O projeto gráfico tem total importância na produção de uma publicação. É sabido da importância do projeto gráfico para atingir os objetivos do mercado estabelecidos pelo projeto editorial, para se alcançar a harmonia.
Para enfocar e dialogar com o público-alvo, os projetos gráficos tornam-se mais marcantes, gerando rápida identificação do leitor com a publicação e também o seu reconhecimento em meio a outras publicações no ponto-de-venda.
O projeto gráfico da revista Capricho tende a modificação aproximadamente a cada dois anos, dependendo da percepção de que o seu público mudou, principalmente por se tratar de um leitor em constante transformação, as adolescentes. O projeto gráfico da revista Capricho torna-se mais flexível ao passar dos anos.
Em relação ao projeto gráfico, e toda sua universalidade, juntamente com as mudanças nas linhas editoriais da Capricho, aconteceram mudanças para acompanhar e integrar forma e conteúdo.
Os tipos de papéis, utilizados tanto na capa como no interior e as cores usadas (policromia) permaneceram constantes. O tamanho da revista variou de acordo com o projeto gráfico, e a quantidade de páginas é variável de acordo com a edição. A quantidade de colunas usadas, na maioria das edições e editorias, é três, sofrendo algumas alterações, de duas a quatro colunas.
A fontes são variáveis, usa-se o tipo com serifa, sem serifa, manuscrita e decorativa. As fontes com serifa são utilizadas nos textos. As matérias não são longas, a presença de fotografias em páginas inteiras é marcante, notas curtas são apresentadas nos mais variados temas e editorias.
A Capricho utiliza muito de imagens e fotos, algumas meramente ilustrativas, para preencher as páginas, já que não apresentam legendas explicativas. A revista sempre usou muito as figuras com o fundo recortado, tornado-se esse estilo uma referência da publicação. Outro elemento gráfico característico da revista Capricho sempre foi a presença de cores fortes (cores fluorescentes e contrastantes entre si em uma mesma página), já que a publicação se destina a adolescentes.
As ilustrações, imagens com fundo cortado e cores fortes e contrastantes são marcantes e de identidade no estilo gráfico da Capricho. A função era estética e lúdica, com finalidade de enfeitar as páginas e também para ser cortadas e coladas pelas leitoras, tanto que em 1997, a revista criou a seção Corte e Cole, com esta finalidade.
Entre 1995 e 2005, sete projetos gráficos foram utilizados na revista Capricho. Os projetos gráficos foram reformulados em intervalos aproximados de dois anos, sofrendo alterações e adaptações.
A partir de 1996, a diagramação ficou mais livre, não se prendendo aos grids (colunas que dividem as páginas).

ANÁLISE COMPARATIVA
Os exemplares da revista Capricho escolhidas para a comparação foram:
            Capricho. Edição nº 949. 19 de setembro de 2004
            Capricho. Edição nº 1106. 26 de setembro de 2010

Dividimos a análise em quatro segmentos: Capa, Índice, Matéria de Capa e Assuntos e Abordagens Secundárias.

CAPA (anexo)
O logotipo da revista Capricho mudou nas edições analisadas, consequência da mudança no projeto gráfico. O logotipo atual tem a tipografia cursiva, envolvida em fundo que varia a coloração de acordo com a edição, já o logotipo antigo, era composto de tipografia comum em itálico, e também de coloração variável. Uma característica da revista é que sempre o logotipo, dentro do padrão do projeto gráfico, variou em cores, e alguns elementos, como no caso da edição nº 949, em que o logotipo vem acompanhado de paetês, mas os formatos permanecem constantes no quesito tipografia, a variação ocorre nas cores e elementos secundários.
As cores utilizadas nos elementos que compõem a capa estão mais suaves, em tons pastéis. Em 2004, as cores eram mais fortes, com predominância dos tons escuros, e também a mistura de cores contrastantes, como na capa analisada, em que se mistura vermelho, vários tons de azul, amarelo, roxo, preto e branco. A edição atual está mais clean, as cores utilizadas são rosa e azul, variando em suas tonalidades, e as cores básicas, o preto e o branco.
As chamadas na capa estão mais limpas, com maior espaçamento e predominância da caixa alta, diferentemente da edição nº 949, que havia muitas chamadas, em caixa baixa, e pouco espaçamento entre elas. Um fator que sempre foi característico da revista Capricho é o uso de várias tipografias, a mistura das famílias tipográficas, tanto na capa como no interior da publicação
A forma de apresentação dos elementos básicos, como nº da edição, data, preço, editora e site também apresentaram alterações. Em 2004, o logotipo da editora aparecia abaixo do logotipo da revista, com nº da edição, data e preço, e o site no lado aposto, também abaixo do logotipo. Em 2010, o logotipo da editora aparece no canto inferior esquerdo, e as informações de nº da edição, data e preço no canto inferior direito, e o site aparece no canto superior esquerdo. A forma de divulgar o site também mudou, antes aparecia o ‘www’, agora apenas o ‘capricho.com.br’.

ÍNDICE
O índice sofreu alterações, em 2004, chamava-se ‘Índice’, atualmente chama-se ‘Busca’. Sua diagramação também mudou. Antes a seção continha o guia mostrando em que páginas as matérias da capa estavam. Também as editorias (Gente, Moda, Beleza e Vida Real) apareciam divididas em colunas e cores. O índice apresentava muitas cores e elementos gráficos, como quadros Na próxima edição e Só no site, seções que não contém mais nas revistas atuais. Apresentava também a data da revista e como assinavam as matérias, com ícones de quem fotografou, quem fez a reportagem e quem desenhou a página.
Em 2010, o índice é dividido em fotos, com chamada e os números das páginas onde estão localizadas essas matérias. E também em colunas contendo o nome das editorias, que também mudou, agora são divididas em Entrada, Famosos, Beleza, Moda, Você e Diversão.
Em relação às cores, o uso delas está moderado, predominou nesta edição analisada, o roxo e preto, sem variações de tonalidades, e apenas dois elementos azuis. Há variação na tipografia, com mistura de cursiva e comum sem serifa.

MATÉRIA DE CAPA
A editoria que a matéria da capa (manchete) está inserida teve seu nome modificado, em 2004 era ‘Gente’ e hoje é ‘Capa’. Os textos estão menores, divididos em uma, duas ou três colunas. A tipografia do corpo do texto permanece com serifa, para facilitar a leitura. A mistura de tipografia continua conflitante, com o uso de tipografias manuscritas no título e nos dizeres em destaque, tipografia sem serifa no olho da matéria e no interior o uso da tipografia com serifa.
A capitular, que antes aparecia no texto, hoje já não aparece mais. As cores das páginas desapareceram, atualmente, na edição analisada, a página é branca com alguns elementos coloridos, como título e perguntas da entrevista. As imagens (fotos) estão maiores e mais limpas.      



ASSUNTOS E ABORDAGENS SECUNDÁRIAS
EDITORIAL
O editorial de 2004 era a seção ‘Diário’, que continha um pequeno texto (aproximadamente 1/3 da página) e algumas fotos relacionadas a produção da revista, diagramadas em uma única página. Em 2010, o texto do editorial desapareceu, e deu lugar as fotos, na seção ‘Oi da Galera’, com duas páginas de extensão, as fotos são da produção da revista Capricho, acompanhadas do expediente da editora Abril e do periódico. Em 2004, o expediente se localizava na antepenúltima página. Na edição nº 1106 foram contadas 24 fotos do editorial.

CARTOLAS
Em 2004, as cartolas eram monocromáticas isoladamente, variando a cor de acordo com a seção, em formato retangular, com o nome da editoria escrito dentro, em tipografia comum sem serifa, no canto superior da página. Em 2010, as cartolas continuam coloridas, mas de tons variados, em formato de balão de diálogo, com tipografia fantasia.

NUMERAÇÃO DA PÁGINA
 A numeração das páginas continua nos cantos inferiores de cada página, a única diferença é o acréscimo do nome da revista ao lado da numeração. Em 2004, nos cantos opostos inferiores da numeração das páginas, continham o site da revista e a data, informações que hoje não estão mais presentes.

TEXTOS e COLUNAS
Os textos começavam com uma letra capitular, fator que não existe mais, porém, hoje os textos começam com a primeira linha em caixa alta. Atualmente não se encontram textos maiores que meia página. Eles deram lugar às imagens e ilustrações. Os textos longos nunca foram uma característica da revista Capricho, mas eram mais expressivos e tinham mais espaço que atualmente. Em 2004, as páginas se organizavam em duas, três ou quatro colunas. Em 2010, não há esse rigor na diagramação, as páginas estão mais livres nesse quesito.

TIPOGRAFIA
A revista Capricho tem como característica a não utilização de tipografias concordantes nas páginas. Em seu projeto gráfico, há tipografias conflitantes e contrastantes. Não se observa em uma mesma página uma única tipografia, observa-se o uso diverso delas, com dois ou mais estilos tipográficos na mesma página.  




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